terça-feira, 11 de setembro de 2012

Revolta da primeira república

     Nas primeiras décadas do século XX, apesar das transformações socioeconômicas, milhões de brasileiros viviam na miséria, sem perspectivas de mudança. Muito dos que se indignavam contra essa situação participaram de revoltas violentas.
“Messianismo”
     Religiosidade e revolta sertaneja
“A palavra Messianismo é derivada de messias, que significa ” o enviado de        Deus”,” o salvador”. Originalmente , o termo refere-se à crença da religião judaica na futura vinda do Messias, isto é, daquele que libertará o povo judeu dos sofrimentos, conduzindo-o à felicidade eterna. O termo foi usado por vários historiadores , sociólogos e outros estudiosos, para designar a crença de um grupo de pessoas em um líder político-religioso (o chamado líder messiânico ), que é considerado capaz de conduzir determinada coletividade a uma nova era de justiça e felicidade. Geralmente o costume messiânico desenvolve-se a partir da necessidade de se ter esperança de uma ida melhor, entre pessoas castigadas pelo sofrimento cotidiano, pela miséria e pelas injustiças sociais. Com base nessa crença, os cristãos entendem que Jesus Cristo é o Messias, que já veio à Terra indicar o caminho da salvação eterna e voltará no dia do juízo final.
    Na Primeira República, os dois principais movimentos de caráter messiânico foram Canudos e Contestado, caractrizados pela religilsidade e pelo sentimento de revolta dos sertanejos. Vejamos cada um deles.
Revolta de canudos (1893-1897)
Nas últimas décadas do século XIX, parte da população nordestina, principalmente das regiões do seminário, vivia de maneira miserável, Uma série de condições contribuía para agravar o sofrimento de milhares de sertanejos nesse período:
     O declínio da produção açucareira;
     As constantes secas;
     A prepotência dos coronéis-fazendeiros;
     Os novos rumos políticos do pais – com a república – que não slhes trouxeram qualquer benefício.
Antônio Conselheiro, Antônio Vicente Mendes Maciel, Conhecido popularmente como Antonio Conselheiro, foi um líder religioso e social, Nasceu em Quixeramobim (Ceará) em 13 de março d 1830 e faleceu em Canudos (Bahia) em 22 de setembro de 1897.
     Considerado um fora da lei pelas autoridades nordestina, foi chamado de monarquista e inimigo da república, por discordar de algumas mudanças implementadas pela República, como o casamento civil, passando então a ser chamado de religioso fanático. Antônio peregrinava pelo sertão do nordeste (marcado pela seca, fome e miséria) levando mensagens religiosas e conselhos para as populações carentes. E assim conseguiu uma grande quantidade de seguidores que o consideravam santo.
Guerra de Canudos:
    Milhares de pessoas mudaram-se para Canudos: sertanejos sem-terra, vaqueiro, ex-escravos, pequenos proprietários pobres, homens e mulheres perseguidos pelos coronéis ou pela polícia. De modo geral, buscavam paz e justiça em meio à fome e à seca do sertão. Em pouco tempo, o povoado transformou-se numa das localidades mais populosas da Bahia, reunindo entre 20 e 30 mil habitantes.
     Muitos grupos ficaram assustados com o crescimento de Canudos. Para alguns membros de Igreja Católica, Antônio  Conselheiro e seus seguidores representavam um perigo tanto pela ocupação das terras quanto pela recusa à subordinação ao Estado.
Em novembro de 1896, tropas dos coronéis locais e do governo estadual baiano foram enviadas para acabar com o arraial, mas não conseguiram vencer as forças de Canudos. Assim o governo federal entrou na luta, mandando um poderoso exército de cerca de 7 mil homens para a região, e Canudos foi destruído em 5 de outubro de 1897. E foi uma das mais trágicas lutas da historia da República. O tema foi estampado no livro de Euclides da Cunha “Os sertões”. Publicado em 1902,
Guerra do Contestado:
     Outro importante movimeto messiânico ocorreu na fronteira entre Paraná e Santa Catarina, em uma região disputada pelos dois lados, que por isso ficou conhecido como Contestado.
     Era grande o número de sertanejos estabelecidos nessa região. Alguns acontecimentos ali ocorridos fizeram com que seus habitantes perdessem seus territórios e sua forma de sustento.
     Alguns conseguiram trabalho mesmo com a grande disputa, já que empresas como a Brazil Railway, que para aumentar sua receita passou a contratar trabalhadores de outros estados, mas sob duras condições, devido à retomada nos serviços ferroviários que antes fora interrompido.
Fudação de povoados:
     Sem terra e famintos, os sertanejos começaram a se organizar sob a liderança de um “monge” chamado João Maria. Após sua morte seu lugar foi ocupado por outro monge, Miguel Lucena Boaventura, conhecido como José Maria.
     José Maria reuniu mais de 20 mil sertanejos e fundou com eles alguns povoados que compunham a chamada Monarquia Celeste. Como em Canudos, a monarquia do Contestado tinha um governo próprio e normas igualitárias, não obedecendo as ordens das autoridades da República.
Derrota dos Sertanejos:
     Os Sertanejos do Contestado passaram a ser perseguidos por pessoas a mando dos coronéis-fazendeiros e dirigente de empresas estrangeiras estabelecidas na região, com o apoio de tropas do governo. O objetivo era destruir a organização comunitária e expulsar os sertanejos das terras que ocupavam.
     Em novembro de 1912, José Maria foi morto em combate e santificado pelos moradores da região Seus seguidores, entretanto, criaram novos núcleos de Monarquia celeste, a ultima delas foi destruída em 1916, por uma tropa de sete mil homens armados de canhões, metralhadoras e até alguns aviões de bombardeio, pela primeira vez usados como arma de combate no Brasil.
Cangaço”
     Revolta e violência no Nordeste:
     As atividades praticadas pelos coronéis-fazendeiros produziam no nordeste um ambiente favorável à formação de grupos armados, a fim de acabarem com a injustiça.
     As pessoas que participavam desses grupos eram conhecidos como cangaceiro, e o tipo de vida que levavam recebeu o nome de cangaço. Uma vida nômade, sem se fixar em nenhum local, espalhando terror e destruição por onde passavam. Gerando sentimentos que iam de terror à admiração.
Entre os mais conhecidos grupos de cangaceiros destacaram-se o de Antônio Silvino (1875-1944) e o de Virgulino Ferreira, mais conhecido como Lampião (1897-1938), considerado o “Rei do Cangaço”
Revolta da Vacina (1904):
     Alem das revoltas que ocorreram no interior do país e no campo. Em algumas das maiores cidades como Rio de Janeiro capital da República, ocorreram diferentes movimentos populares, com destaque para Revolta da Vacina. Em que a população do Rio de Janeiro enfrentava a pobreza e um auto índice de desemprego e um descaso enorme no saneamento. Em conseqüência, milhares de pessoas morriam em epidemias como fbre amarela, peste bubônica e varíola.
Reforma da capital:
     Paralelamente a essa grave situação social, o prefeito da cidade, Francisco Pereira Passos, com apoio do presidente Rodrigues Alves, entrou com um projeto de transformar o Rio de Janeiro na capital do progresso. Com o intuito de mostrar ao mundo “o novo tempo” trazido pela República. Mas para realizar isso tiveram que demolir cortiços e casebres dos bairros centrais, forçando as pess oas que ali moravam a se transferirem para barracos nos morros do centro ou no subúrbio. Tudo isso gerou muita insatisfação entre a população mais pobre.
     As pessoas já revoltadas com essa situação passaram ainda a ser obrigadas a se vacinarem, entretanto a população quase não tinha informação sobre os benefícios das vacinas, e foi questionada de varias formas, gerando uma revolta popular no período de 10 a15 de novembro de 1904 nas ruas do Rio de Janeiro. O governo dominou os revoltosos usando tropas do corpo de bombeiros e da cavalaria. Cerca de 50 pessoas morreram e mais de 100 foram feridas. Centenas de participantes dos conflitos foram presos e deportados para o Acre.
Revolta da Chibata (1910):
     Seis anos depois da Revolta da Vacina, explodiu outra insurreição no Rio de Janeiro: aproximadamente dois mil membros da Marinha brasileira, liderados pelo marinheiro João Cândido, rebelaram-se contra os castigos físicos que recebiam nessa instituição, dando inicio ao episodio que ficou conhecido como Revolta da Chibata.
No início do século XX, Marinha do Brasil ainda mantinha em seu código disciplinar normas que remontavam aos séculos XVIII e XIX. Entre elas estava a punição dos marinheiros, por falta graves, com 25 chibatadas. Essa punição era aplicada na presença dos demais companheiros, obrigados a assistir ao açoite dos faltosos.
     A indignação das tripulações dos navios crescia. A tolerância com os maus-tratos chegou ao limite depois que um marujo do encouraçado Minas Gerais recebeu uma punição de 250 chibatadas, quantidade dez vezes superior ao limite estabelecido.
     Quando o encouraçado chegou à baía de Guanabara, sua tripulação amotinou-se tomando o comando do Minas Gerais, sendo, em seguida, acompanhados pelos marujos dos encouraçados São Paulo, Bahia e Deodoro, que também  assumiram o controle de seus respectivos navios.
Em seguida, todos apontaram os canhões para a cidade do Rio de Janeiro e enviaram um comunicado ao presidente da República, explicando as razões da revolta e fazendo exigência. Queriam acabar com as chibatadas. Além dos castigos físicos, os marinheiros reclamavam da má alimentação do salário miserável que recebiam. O Governo só veio atender as exigências, após quatro dias de muita tensão. A Câmara dos Deputados aprovou um projeto que punha fim às chibatadas e perdoava os revoltosos, já que o motim era considerado um crime contra a disciplina.
     Confiando na palavra das autoridades, entregaram os navios aos comandantes. O governo, entretanto, não cumpriu tudo o que havia prometido: O castigo acabou, mas alguns líderes da rebelião foram presos, e vários marinheiros expulsos da corporação militar.
Em reação, no dia 9 de dezembro, os marujos organizaram outra rebelião. Que fracassara e dezenas de revoltosos foram mortos e centenas presos e mandados para a Amazônia. Mais de mil foram expulsos da Marinha.
João Cândido foi preso em uma masmorra da ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, sendo julgado e absolvido em 1912. Passou para a história como o Almirante Negro, que acabou com o castigo da chibatada na Marinha do Brasil.
Tenentismo (1922-1926):
     Uma década depois da Revolta da Chibata, seguia crescendo o descontentamento de diversas camadas sociais com o tradicional sistema oligárquico que dominava a política brasileira. O clima de revolta atingiu as forças armadas, que acabaram liderando uma série de rebeliões, que ficou conhecida como tenentismo. Suas reivindicações eram:
A moralização da administração pública e o fim da corrupção eleitoral; O voto secreto e uma justiça Eleitoral confiável;
A defesa da economia nacional contra a exploração das empresas e do capital estrangeiro;
     A reforma da educação pública, para que o ensino fosse gratuito e obrigatório a todos os brasileiros.
     Fazem parte do movimento tenentista a Revolta do Forte de Copacabana, as Revoltas de 1924 e a Coluna Prestes. Nenhuma delas produziu efeitos imediatos na estrutura política. Contudo mantiveram acesa a chama da revolta contra o poder e os privilégios das oligarquias.
Revolta do Forte de Copacabana:
     A primeira revolta teve inicio em 5 de julho de 1922, contando com uma tropa de aproximadamente 300 homens que decidiram impedir a posse do presidente Artur Bernardes.
Tropas fiéis ao governo isolaram os rebeldes, que não tiveram condições para resistir. Dessa luta, apenas dois revoltosos saíram com vida: os tenentes Eduardo Gomes e Siqueira Campos.
Revoltas de 1924:
      Dois anos depois da Revolta do Forte de Copacabana, ocorreram novas reelioes tenentistas em regiões como Rio Grande do Sul e São Paulo.
Em São Paulo, a revolta eclodiu também em um 5 de julho, liderado pelo general Isidoro Dias Lopes, pelo tenente Jarez Távora e por políticos como Nilo Peçanha. Com uma guarnição de aproximadamente mil homens, que ficou no controle da cidade por mais de vinte dias  os rebeldes perceberam que não teria mais condições de resistir a contra-ofensivo do governo paulista que recebeu um reforço militar do Rio de Janeiro, e decidiram então abandonar a formação. Formou-se, então uma numerosa e bem-armada tropa de rebelde que foi chamada de Coluna Paulista, liderada pelo militar Miguel Costa, que seguiu em direção ao sul do país, ao encontro de outra coluna militar tenentista: era a tropa liderada pelo capitão Luís Carlos Prestes, que partira do Rio de Grande do Sul.
Coluna prestes (1924-1926):
     As forças tenentistas de São Paulo e do Rio Grande do Sul uniram-se em Foz do Iguaçu, no Paraná, e decidiram percorrer junto o país em busca de apoio popular para novas revoltas contra o governo, sob a liderança de Miguel Costa e Luís Carlos Prestes. Nascia assim, a chamada Coluna Prestes.
Durante dois anos a Coluna Prestes percorreu 24 mil quilômetros 12 estados brasileiros. Foi perseguido sem descanso. A organização não foi derrotada, mas também não conseguiu ameaçar seriamente o governo. Até que em 1926 os homens que ainda permaneciam na coluna decidiram entrar na Bolívia e, finalmente desfez as tropas.
Modernismo:
     Semana de Arte Moderna:
     O movimento teve como marco inicial a Semana de Arte Moderna, realizada na cidade de São Paulo entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922. Tendo como palco o Teatro Municipal de São Paulo, a semana contou com recitais de poesia, exposições de pintura e escultura, festivais de música e conferencia Musicas e conferência sobre arte.
     Os nomes que mais se destacaram na Semana de Arte Moderna foram os dois escritores Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Ronald de Carvalho e Oswald de Andrade, dos músicos Heitor Villa-Lobos e Ernani Braga; e dos artistas plásticos Emiliano Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Victor Breecheret.
     Um dos principais objetivos do movimento modernista era reagir criticamente contra os padrões considerados arcaicos de nossa arte e a invasão cultural estrangeira, que despersonalizava a expressão artística no Brasil. Mas para alguns líderes do modernismo, abrasileirar nossa arte não significava provincianismo ou isolamento cultural. O que eles defendiam era o diálogo com o mundo, afirmando as singularidades nacionais dentro do contexto internacional.
     As obras e as idéias dos jovens artistas apresentadas na Semana de Arte Moderna provocaram forte reação dos setores conservadores, mas conseguiram se impor com o tempo.

Um comentário:

  1. Fernando, a postagem de seu grupo ficou boa, tem bom conteúdo; entretanto, falta a publicação das fontes pesquisadas, tem de melhorar as fontes.

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